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As fintechs de crédito vieram para ficar e fazer sombra ao poderoso sistema bancário. Embora não sejam um modelo de empresa propriamente recente — o Paypal, a primeira do gênero, foi fundado em 1998 —, no Brasil elas só entraram no radar na última década. 

Graças ao sucesso de certas empresas, algumas já até chegaram ao impressionante posto de “unicórnios”, ou seja, seu valor de mercado é bilionário. 🦄

Tamanho crescimento se explica porque elas exploram toda uma demanda reprimida por séculos de domínio de bancos no segmento financeiro. É um fenômeno análogo ao que fizeram a Uber no ramo de transportes e Airbnb no de hotelaria.

Não é difícil entender as razões de tanto sucesso, afinal, essa modalidade de startup de fato apresenta vantagens consideráveis para seus clientes. Sendo assim, vale a pena conhecer melhor suas características e avaliar sua relevância, agora e para o futuro.

Essa é a proposta deste artigo que você começa a ler: trazer um panorama do mercado de fintechs e ajudá-lo a formar sua opinião e tomar decisões. Acompanhe!

O que é e como funciona uma fintech de crédito?

As fintechs como um todo, inclusive as de crédito, são parte do ecossistema financeiro em nível internacional. Assim sendo, elas dividem espaço com os bancos tradicionais, fornecendo soluções financeiras para seus clientes e serviços relacionados. 

O termo tem origem na expressão inglesa “financial technology”, ou seja, tecnologia aplicada ao setor financeiro. Seu uso foi documentado pela primeira vez quando a Accenture lançou um programa de aceleração de startups, chamado Fintech. 

Como veremos mais à frente, elas operam em obediência às regras impostas pelo Banco Central do Brasil, devendo, portanto, cumprir certos requisitos para entrar no mercado. Ainda assim, o setor bancário está alerta, já que uma pesquisa da PwC revelou que para 73% dos bancos, as fintechs são uma ameaça real

Para a gente, isso não deixa de ser uma coisa boa, já que sinaliza que essas empresas realmente oferecem algo que é do interesse do consumidor final. Irado, né? 

A preocupação dos bancos se explica, uma vez que as fintechs de crédito funcionam de maneira similar a de uma instituição financeira comum. Mas o negócio mesmo fica bom é quando colocamos os dois tipos de empresa na balança e comparamos suas diferenças.

Existem diferenças em relação aos bancos?

Para responder direto e na lata, sim, existem diferenças para os bancos e elas não são nada desprezíveis. A primeira delas é a rapidez e praticidade para abrir uma conta. Em um banco convencional, você sabe, há toda uma papelada, burocracia e a necessidade de comparecer a uma agência presencialmente.

Embora os principais deles já ofereçam a possibilidade de abrir a conta pela internet, há casos em que é preciso aguardar até 5 dias para começar a usar. Essa espera não acontece na maioria das fintechs de crédito, nas quais você já abre a conta podendo movimentá-la, desde que envie seus documentos a tempo. Em algumas delas a aprovação acontece no mesmo dia!

Mas, é claro, a grande diferença para os bancos é a ausência daquelas taxas terríveis para operações como transferências, extratos e emissão de cartão de crédito empresarial. Nas fintechs de crédito, quase tudo é de graça, desde que seja feito on-line.

Quais as características desse tipo de negócio?

Fintechs operam totalmente baseadas no ambiente virtual. Por mais que as grandes empresas desse segmento até tenham sedes em prédios comerciais, a maior parte de suas operações dispensa a tradicional agência física.

Esse é o grande trunfo das fintechs, pois a sua existência digital permite toda uma redução de custos com infraestrutura, times e com manutenção. Eu mesmo, aqui na Youbo, sou uma prova de que há vida inteligente na internet na parte do atendimento ao cliente. ☺

Sendo uma categoria de empresa mais escalável e que opera com custos mínimos, elas podem reverter esse barateamento a favor de seus usuários. Ou seja, aquela velha lei de repassar aumentos nos custos, no caso das fintechs, ocorre do modo oposto.

Tudo isso não resulta em serviços financeiros piores ou limitados, muito pelo contrário. Como a gente vai ver no próximo tópico, as fintechs não ficam devendo em nada aos bancos em termos de “produtos”.

Quais direitos o correntista tem?

Uma conta em uma fintech dá ao correntista os mesmos direitos a que teria em uma conta em um banco comum. Portanto, é possível fazer operações de transferência por DOC e TED, operar com carteiras virtuais — e-wallets — e até emitir boletos de cobrança. 

Algumas delas também oferecem empréstimo para empresas, tudo de forma independente, sem a necessidade de um banco tradicional chancelar as transações. Não é maneiro?

A parte mais bacana, no entanto, é que todas essas operações estarão sempre disponíveis eletronicamente, não importa o dispositivo, exceto saque — por razões óbvias.

É o fim da procura por caixas eletrônicos para pagar contas, solicitar crédito ou mesmo para saber um simples saldo. Tudo está ao alcance dos dedos, bastando apenas alguns toques na tela do smartphone ou cliques no teclado do computador.

Não menos importante, esses serviços, via de regra, são todos 0800, logo, sem custo algum para o cliente, não importa quantos você solicite. Isso já não acontece em bancos convencionais que cobram taxas para transferências e limitam a quantidade de extratos gratuitos. Isso abre a possibilidade de pagar menos impostos, considerando que a incidência de Imposto sobre Operação Financeira (IOF) é minimizada.

Importa destacar que as fintechs cumprem também um importante papel social, considerando que 31% da população no mundo não tem acesso a uma conta bancária. É o que atesta o Global Findex Database 2017, com apoio do Banco Mundial.

Como saber se uma fintech é credenciada?

No Brasil, as fintechs foram regulamentadas muito recentemente. Apenas em abril de 2018 o Conselho Monetário Nacional (CMN) viria a publicar as Resoluções 4.656 e 4.657, dando, enfim, o necessário respaldo legal para essas empresas operarem.

Legalmente, o BCB divide essas empresa em duas categorias.

Sociedade de Crédito Direto (SCD)

Consiste em fintechs autorizadas a realizar operações de crédito em plataforma digital própria e com seus próprios recursos. Por sua vez, podem captar recursos diretamente do público. Os serviços oferecidos são:

  • análise de crédito;
  • emissão de moeda eletrônica; 
  • cobrança de crédito; 
  • distribuição de seguro em suas operações. 

Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP)

Já uma SEP é autorizada a captar recursos junto ao público, bastando apenas que eles estejam totalmente ligados à concessão de empréstimo. Essa categoria de fintech também pode realizar operações de crédito interpessoal, também conhecidas pelo termo peer-to-peer lending

Nelas, a fintech se coloca como intermediadora na relação entre credor e devedor, ganhando ao cobrar tarifas. De qualquer forma, para atuar como SCD ou SEP, é indispensável uma autorização expressa do Banco Central — no qual se pode encontrar a relação das empresas autorizadas.

Quais são as maiores fintechs de crédito do mercado nacional e internacional?

Agora que você sabe como funcionam as fintechs, vai conhecer as principais empresas do gênero no Brasil e no mundo. Por isso, se você pensa em abrir uma conta pessoal ou para sua empresa, não deixe de acompanhar os próximos tópicos!

Paypal

Considerada a primeira fintech do mundo, antes mesmo do termo ser criado, o Paypal foi fundado em 1998 por Peter Thiel, Luke Nosek, Ken Howery e Luke Nosek. Localizada na cidade de San Jose, na Califórnia (EUA), ela atende hoje mais de 267 milhões de clientes em todo o planeta, com valor de mercado estimado de US$ 333 bilhões.

Creditas

No mercado brasileiro, a Creditas desponta hoje como a principal fintech de crédito. Embora seja uma empresa de serviços financeiros, ela começou em 2012 como um marketplace on-line. Nele, as pessoas podiam fazer comparações entre as taxas de juros das instituições financeiras antes de solicitar um empréstimo ou financiamento.

Nubank

Recentemente alçada ao posto de startup unicórnio, o Nubank oferece todos os serviços financeiros que os bancos tradicionais. Isso quer dizer que é possível abrir conta corrente, fazer transferências e até ter cartão de crédito. Nesse ano, ela deu início ao seu processo de expansão internacional, abrindo sua primeira filial fora do Brasil, no México. É uma das três fintechs brasileiras na lista das 100 maiores do mundo publicada pela KPMG em 2018, ocupando a sétima posição.

Neon

Assim como o Nubank, o Neon oferece serviços financeiros e cartão de crédito. Também permite ao cliente realizar investimentos e fazer pagamentos com isenção de tarifas. Em 2018, o negócio chegou à expressiva marca de 1,7 milhão de usuários, projetando, assim, vôos ainda maiores para os próximos anos.

GuiaBolso

No ranking KPMG, a GuiaBolso aparece no top 50 na posição #46. Esse é o seleto grupo das fintechs que já são uma realidade, isto é, que não são mais uma empresa emergente. Além de fintech, essa empresa atua com foco em consultoria financeira, prestando apoio aos seus clientes, que também contam com serviços financeiros tradicionais.

TransferWise

Embora localizada em Londres, Inglaterra, a Transferwise foi fundada pelos estonianos Taavet Hinrikus e Kristo Käärmann. Sua especialidade é a intermediação de operações de câmbio, operando hoje com mais de 750 tipos de moedas. 

Sendo uma fintech, ela trabalha com taxas muito mais baixas do que os bancos comuns, representando a melhor opção para transferências internacionais. Além do ranking da KPMG, também figura no ranking da Forbes das principais fintechs do mundo.

Ant Financial

Ligada à gigante de e-commerce Alibaba, a Ant Financial é hoje a mais valiosa fintech no mundo, com valor de mercado estimado em US$ 150 bilhões. Fundada como Alipay, foi rebatizada em outubro de 2014 e, desde então, não para de crescer com seus serviços financeiros e de pagamentos eletrônicos.

PicPay

Correndo por fora, a capixaba PicPay vem aos poucos ocupando um lugar de destaque no competitivo segmento das fintechs. Sua base de clientes já passa dos 12 milhões e, hoje, segundo a própria empresa, é o maior aplicativo de pagamentos brasileiro. Como vantagem, está o fato de ser aceito em mais de 1,4 milhão de estabelecimentos, de acordo com dados no seu site.

SoFi

A SoFi tem uma trajetória interessante, já que foi fundada em 2011 pelos estudantes Ian Brady, James Finnigan, Dan Macklin e Mike Cagney como fomentadora de crédito estudantil na Universidade de Stanford, Estados Unidos. Hoje, ela oferece não apenas empréstimo para estudantes, mas serviços financeiros como financiamento imobiliário, empréstimo pessoal e até seguro médico.

AtomBank

Fundado em 2015 na cidade de Durham, na Inglaterra, o Atom Bank leva a sério a questão de ser uma empresa digital, dispensando até mesmo as instalações físicas. Em 2017, seu valor de mercado chegou a 200 milhões de libras, ultrapassando R$ 1 bilhão. A empresa aposta em uma imagem de transparência, divulgando no site seus últimos balanços contábeis como prova de liquidez e confiabilidade.

Toro Investimentos

Considerada como a primeira fintech do Brasil a oferecer serviços de corretagem de valores, a Toro é focada em investimentos de risco moderado e alto. Fundada em 2010 na cidade de Belo Horizonte por João Resende, Gabriel Kallas, Guilherme Alves, Márcio Placedino e Gustavo Mendes, também atua como consultora, oferecendo cursos e orientação para investidores.

Quinto Andar

Embora o foco da Quinto Andar seja a intermediação de aluguel de imóveis, ela também é considerada uma fintech, já que realiza análise de crédito. Seu grande diferencial é facilitar o sempre difícil e burocrático processo de formalização de um aluguel, dispensando garantias como caução, seguro fiança e o arriscado fiador.

Como esse modelo de negócio beneficia as empresas e os microempresários?

Por tudo que vimos e pelo expressivo crescimento das empresas ligadas ao segmento das fintechs, fica claro que se trata de um modelo de negócio que só tende a crescer. Isso porque elas oferecem os mesmos serviços que os bancos comuns, mas a um custo muito menor ou, na maioria dos casos, inexistente. 💰

Para quem precisa organizar despesas pessoais e contas da empresa, por exemplo, muitas delas também são interessantes por terem também uma pegada educadora. Ou seja, ao contrário das instituições financeiras convencionais, em algumas fintechs o cliente recebe todo um apoio e orientação para melhorar sua vida financeira.

Chegamos ao final deste artigo, em que a gente viu um panorama sobre as fintechs de crédito, como funcionam e por que esse modelo se tornou tão atraente. Espero que tenha esclarecido suas dúvidas a respeito do assunto.

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